sábado, 14 de maio de 2011

NOVOS AUTORES TOCANTINENSES

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                                   (Por: Idelita Alencar - Pedagoga e acadêmica de Psicologia)
“Recordações de um presídio de meninos”


Hoje sonhei, lembrando de um mundo de infâncias ...


Pequenino do tamanho de um botão... onde cabia papai no bolso e mamãe no coração. Um mundo de bom barquinho carregado de filhinhos pra Jesus criar... Bete! Marcha soldado! Se não marchar direito vai preso no quartel! E vira escravo de Jô! Amarelinha, ciranda cirandinha. Onde a dança da carrapeta era uma dança singular. Olha! Lagarta pintada, quem foi que te pintou? O perna-de-pau, nariz de pica-pau! Então corre! Pega! esconde, esconde... sobe na árvore, pula corda, chuta a bola... bola, queimada, pula elástico, cobra-cega na casinha de boneca. Cai no poço! Quem te tira? Anjo Bem... uma infância rica, rica, rica de marré, marré, marré... infância... um “mar de infâncias” Parece-me tão longe, tão distante... do outro lado do oceano.


Tô meio que sonolento... muitos risos, meiguice, doce infância, mais lembranças... Quero brincar! Não tenho tempo! Diz o pai. Agora não posso! Retruca a mãe. Quero aprender a brincar! Não tenho tempo pra te ensinar, dita o sistema ao pai, cobra o sistema à mãe. Vida moderna. Más lembranças de uma infância pobre, pobre, pobre de marré, marré, marré... “Infância, roubada, infância perdida... a única corrida que brincamos, ou melhor; brigamos é contra o tempo. “Tempo é dinheiro”, brincadeira é coisa para quem não tem o que fazer, é precioso demais para se perder. “Vá às ruas e ache o que fazer!”. Só vendo pra crer! Tão pequenos e já estão a se perder...


Perdeu-se o caminho, o carinho... Perdeu-se nas drogas, tão novas... Perdeu-se a caminha, faz sexo, dorme no banco da praça, debaixo da ponte, sozinha... Anda, caminha, caminha, come restos do lixo, cata latinha... Fuma um tiquinho, cheira cola... pede aqui, pede acolá, pede esmolas, a rua é sua escola.


Do lado de cá em meio às marés... Ondas... rostos de crianças que não parecem mais de infância. Perdeu-se a vontade de brincar, inocência de ser... Viro para o outro lado de minha confortável poltrona da sala de estar, e; jogo um game, naveeego, internet, assisto a TV. E assim, quando de saco cheio... Escuto o noticiário que meu pai via em seu quarto __ Vamos vivendo um tempo em que por falta dele; o pai vira mãe, a mãe vira mãe e pai... Vida moderna ... Ele muda de canal... É um assalto! “vida bandida”.


Acordei gritando... Pai! Mãe! Roubaram minha infância! Minha infância está perdida.

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