sexta-feira, 29 de março de 2013

DEUS NO MEIO DO REDEMOINHO


É tempo de cuidado. Cuidado com a palavra. Cuidado com os pensamentos. Cuidado com as opiniões. Principalmente com velhas opiniões.   O mundo mudou. As opiniões mudaram. Mudaram-se as atitudes. E, continuarão a mudar de forma mais rápida ainda.

Muitos de nós não temos respostas para novos comportamentos, novas filosofias, novas crenças, novas óticas de uma realidade nova, iminente.

A dinâmica ideológica que nos imprime o tempo, exige de nós, pobres mortais, a tal “metamorfose ambulante”, pregada nos anos 60. Ninguém mais se sustenta com uma “velha opinião formada sobre tudo”.

A evolução chegou. Chegou, bem mais rápido que os nossos conceitos. Ainda não fomos capazes de elaborarmos conceitos, para definirmos os novos tempos e já estão a nos exigir que saiamos da fase do pré-conceito, “pré”, no sentido daquilo que antecede.

Essa mudança de tempos, não aceita a imobilidade intelectual. É preciso avançar. Buscar conhecimento, cultura, educação ampla. Estudar a Bíblia. Senão, corremos o sério risco de cairmos no conservadorismo radical, na caretice, no fanatismo e principalmente, no fundamentalismo religioso.

O fundamentalismo religioso é o termo usado para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados. Fundamentalistas são encontrados entre religiosos diversos e pregam que os dogmas de seus livros sagrados sejam seguidos à risca.

As conquistas e mudanças da modernidade, são, um tapa na velha ordem conservadora. E causam uma angústia incompreensível e inaceitável nos fundamentalistas religiosos. Obrigando-os a se isolarem.

Estas atitudes isolacionistas tendem a criar guetos, verdadeiras organizações fundamentalistas que se escondem sobre a bandeira da defesa da moralidade, da família, da propriedade, das tradições etc.

Ética e politicamente, os fundamentalistas rejeitam a homossexualidade, o aborto, a Teoria da Evolução e a possibilidade de salvação fora do Cristianismo. E partem para o fanatismo.

Winston Churchill, em uma frase definiu muito bem a questão do fanatismo: “Fanático é aquele que não muda de idéia nem de assunto!”; ou seja, de certa forma, tudo gira em volta de sua opinião ou do seu pensamento fixo, sua verdade única.

Essas mudanças conceituais, comportamentais, religiosas, familiares, fundamentalismos, racismo, homossexualismo, gera o redemoinho filosófico que pode desembocar em uma tragédia ou histeria coletiva, com previsões catastróficas inimagináveis. Um retrocesso no pensamento humano.

O fundamentalismo e o fanatismo estendeu suas bases a todas as religiões. Pois, o que antes, pejorativamente era atribuída aos muçulmanos agora é inerente a todas as crenças. A internet e as redes sociais ampliaram o “debate” ou discussões religiosas.

Segundo o pensador português, Jean Lauand, o que está por trás dos novos fanatismos religiosos - católicos, evangélicos, espíritas, muçulmanos etc. - é uma antropologia errada, que leva também a uma falsa doutrina das virtudes. A base dos fanatismos é o medo: medo à liberdade, medo à vida, medo à cultura, medo, enfim, ao mundo, que é encarado de um modo suspeito e hostil.

Tenho observado com muita atenção(e preocupação), as discussões sobre religião e crenças na internet. Não me acho competente para emitir opiniões, apesar de ter estudado toda a Bíblia.

Fui católico, coroinha, espírita, ateu e incansável estudante do tema. Quando decidi ser mais coerente com minhas convicções, tornei-me ateu. A vida perdeu um pouco do brilho de esperança, mas ganhou mais lucidez e perdi muito dos meus medos, apesar de criar outros medos, porém mais palatáveis.

Hoje, avesso à dogmas, doutrinas e igrejas me considero um homem de fé. Sei que o verdadeiro Deus não está nas sinagogas. Muito menos nos debates acalorados, talvez sim, no silêncio meditativo.

Compartilho da ideia de que, alguém que sente a necessidade diária de dizer aos outros que é ateu convicto, cristão convicto, homossexual convicto ou heterossexual convicto, na realidade ainda não acredita nisso... mas espera que os outros acreditem.

Em tempos de padre pedófilos, Papa abandonando o posto, pastores charlatões, racistas, homofóbicos, falsos Médiuns espíritas e curandeiros, é difícil fugir da frase constantemente repetida ao longo da narração de Grande sertão Veredas de Guimarães Rosa, é "O diabo na rua, no meio do redemoinho".

Porém, vou buscar argumentação na Bíblia sagrada, pois o momento nos remete à condição análoga de dúvidas e incertezas que viveu o personagem Jó. E repito, o que nos atormenta é o medo. E encontro a resposta para essa divagações pois, “Deus do meio de um redemoinho respondeu a Jó” (Jó 38:1); Não Temas!.

E Jô permaneceu convicto de sua fé. Ele tinha ficado impressionado com sua própria insignificância à luz da grandeza de Deus, e promete ficar calado.

Acredito na epifania. Depois da epifania (momento de revelação) de Deus.  Deus é Amor e não é senão Amor!

E o Amor não se guarda em si mesmo, não se reserva para si próprio mas difunde-se, abre-se ao outro, cria relação. Na Verdade do Amor, ser Pessoa significa ser ponto de encontro com Pessoas e entre Pessoas.

Não podemos cair mais no grande engano, que, em nome de Deus, continuemos na Igreja a condenar mais do que a acolher, a silenciar mais do que a libertar, a conservar mais do que a renovar.

Jesus não veio para nos tornar cristão. Jesus veio para nos tornar plenamente humanos.

A Epifania é exatamente isto Deus que se manifesta a todos os povos… a todas as pessoas…a todos os homens…Não queiramos ter Deus só para nós…porque Deus manifestou-se…deu-se a conhecer a todos os povos.

Deus é amor. Deus acolhe.

Edson Gallo.

Um comentário: